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Pesquisadores destacam importância dos blocos afro dentro e fora do Carnaval

Responsáveis pela segunda revolução no Carnaval de Salvador, sucedendo a fobica elétrica de Dodô e Osmar, os blocos afro levam para a avenida mais do que a mistura de cores e ritmos de inspiração africana. Eles concentram elementos definitivos para afirmação da arte, cultura e resistência negra gestados na cidade ao longo de cinco séculos. Agremiações como Ilê Aiyê, do Curuzu, Olodum, do Pelourinho, e o caçula Cortejo Afro – do Conjunto Pirajá I, têm atuações que ultrapassam as fronteiras da folia, sendo importantes também durante todo o ano para a vida da comunidade de onde surgiram.

“A atuação dessas entidades é superior ao período do Carnaval, pois é clara sua inserção na cultura da Bahia, a partir de meados da década de 1970, que transcende a festa, de forma a produzir efeitos diversos, seja na folia, na comunidade de onde são oriundos e na sociedade como um todo. A importância desses blocos vai além da beleza plástica e de suas músicas. Portanto, é sempre importante que as esferas governamentais, no âmbito municipal ou estadual, reconheçam isso e privilegiem o Carnaval dessas associações, de forma a enriquecer cada vez mais e preservar a cultura da Bahia”, comenta o professor e pesquisador Paulo Miguez, da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

 

Apoio – Neste Carnaval, 34 blocos afros são apoiados pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Reparação (Semur) e da Empresa Salvador Turismo (Saltur). Além disso, o Observatório do Carnaval, gerido pela Semur, escolheu os blocos afro também como tema de estudo. Dessa forma, essas entidades serão devidamente analisadas, para que suas principais necessidades sejam identificadas. Portanto, esse estudo inicial servirá para classificar e prestar orientações e apoio às entidades conforme a demanda que apresentem, seja de forma financeira, cultural ou estrutural.

Para a antropóloga e escritora Goli Guerreiro, os blocos afro são “as mais profundas expressões da cultura negra da Bahia, e modelam um dos mais exuberantes carnavais da diáspora africana”. Ela afirma que a forma de cultura apresentada por essas entidades distingue o Carnaval de Salvador dos demais países com forte influência africana. “É uma poderosa forma de afirmação do povo negro, cuja relevância da dimensão estética, de tão elaborada, ainda precisa ser amplamente discutida e compreendida”, afirma a autora de “A trama dos tambores – a música afro pop de Salvador”. 

 

Cortejo – Saindo às ruas com o tema “CorteGil – Um canto de afoxé para Gilberto Gil”, o Cortejo Afro celebra seus 19 anos de folia com uma homenagem a um dos ícones do Tropicalismo e grande divulgador da cultura afrobaiana no mundo. Com desfiles na sexta, domingo e segunda-feira de Carnaval, o bloco sai às ruas com 1.500 associados e orgulhoso por levar a maior bateria da folia soteropolitana – composta por 100 integrantes. O Cortejo traz ainda uma ala composta por 100 anciãs e uma ala de baianas com 50 componentes.

Natural de Pirajá, o bloco foi criado dentro dos limites do candomblé Ilê Axé Oiá, sob a orientação da Ialorixá Anizia da Rocha Pitta, conhecida como Mãe Santinha, no ano de 1998. Suas cores são o branco, o azul e o prata e seu símbolo máximo é o sombreiro – que simboliza o orixá Oxalá -, conforme orientações culturais de países como Benin e a Costa do Marfim.

Desfilam também na folia de 2017 os blocos Okanbí, Ibeji, Commanches do Pelô, Chamego Afro, Mundo Negro, As Nigrinhas do Curuzu, Erê, Príncipe Airá, Jogo de Ifá, Cabeça de Gelo, As Suburbanas, Ginga de Negro, Malezinho, Tomarila, Araiyê, Bloco Axé Dadá, Bloco Samba de Roda, Banana Reggae, Fogueirão e A Mulherada.

FONTE: SECOM

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